21.8.11

Quando eu voltar pra privada

A faculdade de jornalismo foi a porta que se abriu pra que eu começasse a conhecer sobre comunicação. Logo no início, desanimada com os salários e horários das redações, me aventurei pela comunicação visual, mas não era minha praia. Gosto é de letrinhas. Trabalhei com clipagem, com os famosos "jornaizinhos" de empresa, fui até empresária do ramo! Tive meu próprio jornal por uma ano e meio: O Peixe Fresco, jornal do Mercado Público Municipal. Me formei em jornalismo. E só. Tanto que resisti bastante até aceitar o primeiro trabalho de assessoria de imprensa. Na minha época de recém-formada, jornalista que ia trabalhar em assessoria era como advogado que ia atuar em porta de cadeia. Como todo preconceito, burro.

Nas assessorias comecei a ver mesmo como funcionam os jornais. E em alguns casos é uma coisa tipo salsicha, melhor nem saber como se faz. Depois de seis anos assessorando empresas privadas, aprendi bastante coisa. Uma delas foi que comunicação e jornalismo não são a mesma coisa. Jornalismo é UMA forma de comunicação, mas definitivamente é pouco pra quem precisa trabalhar no mundo real. Até a minha época, pelo menos, éramos formados pra ser empregados ou prestadores de serviço. Empreendedores, nem pensar. Mas isso é assunto pra um blog inteiro...

Foi então que o destino e um telefonema do meu amigo Chico Sander me conduziram ao setor público. Selecionada numa entrevista, comecei a trabalhar numa secretaria de Estado, no caso, de Planejamento. Não tinha notícia pra mandar todo dia pra imprensa, mas eu era obrigada a cumprir meu expediente. Que tal então um jornal pros funcionários? Funcionou super bem. Tanto que levei a prática depois pra secretaria de Agricultura - lá o bicho literalmente começou a pegar - e depois pra Fazenda.

Foram cinco anos ralando bastante pra tentar desmistificar aquelas inverdades de que serviço público não presta e funcionário público não faz nada. É como em todo lugar, tem os bons e os ruins. E se trabalha pra caramba! A Fazenda, por exemplo, me dava bem mais trabalho que os oito clientes que cheguei a atender simultaneamente na iniciativa privada. A demanda da imprensa é enorme, e o assessor tem que mostrar serviço em dobro pra provar que as coisas funcionam. E tem os servidores, que quando começam a conhecer as possibilidades de canais de comunicação, querem mais e mais.

No começo desse ano, após cinco anos no Governo, fui convidada pra ir trabalhar na Celesc. Confesso que achei que seria mais leve que a Fazenda. Ledo engano. Ali eu tenho que coordenar uma equipe , prestar conta pra quase quatro mil empregados, planejar, decidir, executar - e o mais difícil: planejar. Tudo aquilo que a gente não aprendeu no curso de jornalismo: administração, gerenciamento, marketing, comunicação interna, relações com a imprensa e com os diversos públicos que interagem com a organização. Fazer jornal é só uma pequena parte do todo. O desafio tem absorvido a maior parte da minha energia - principalmente porque está coincidindo com o término da pós graduação que comecei ano passado, em gestão da comunicação pública e empresarial. Mas é um aprendizado que não tem preço. Depois de conviver de perto com o funcionamento do sistema tributário do Estado, agora estou vendo por dentro como funciona uma grande estatal, com interesses público, privados, sociais.

Minha prioridade tá sendo aproveitar bem essa escola, por isso os longos abandonos ao blog. Mas é um aprendizado que não tem preço e vai deixar bastante saudade se um dia eu voltar pra privada : )

Aliás, minha tese defende a valorização da comunicação interna. Não adianta investir rios de dinheiro em publicidade se os teus funcionários só espalham desinformação.

Bom, escrevi tudo isso porque ontem, no twitter, meu colega Magoo tava indignado porque um professor dele disse que jornalismo e comunicação não eram a mesma coisa. Captou, @Alebonassoli?

2 comentários:

Vivi disse...

Adorei o texto e concordo com vc. Agora, voltamos ao TCC ;-)

Ligia fascioni disse...

Oi, Aline!
Que bom que você voltou, estava sentindo falta dos seus textos bacanas :)
Obrigadão pela aula de hoje, achei 10!
Tem tudo a ver com o trabalho que faço (ou fazia, nem sei mais...eheheh) de identidade corporativa. Assino embaixo de tudo o que você escreveu, apesar de não ser jornalista (mas ser uma baita metida a repórter...eheheh).
Beijocas e sucesso!