Privilégio

Por causa de uma conjunção de fatores, fui "escalada" pra fazer uma matéria sobre as obras na Ponte Hercílio Luz, sobre a qual já falei aqui não faz muito tempo. Pra quem não é daqui, digamos que a Ponte está para Florianópolis assim como o Cristo Redentor está para o Rio. Sexta-feira, coloquei um capacete e fui conferir o trabalho dos 80 profissionais que estão por lá todos os dias. Guiada por engenheiros, fiz o que não fazia há pelo menos 14 anos, quando a Ponte foi fechada: atravessei de ponta a ponta, a pé. O visual lá de cima é uma bênção. Mas o mais legal foi ver que o trabalho é praticamente artesanal. Uma etapa que vi de pertinho foi a substituição dos rebites, que são, a grosso modo, uns pregos gigantes. Na ponte existem milhares deles - só no vão central são 50 mil. E eles estão sendo substituídos UM POR UM. Cada rebite é aquecido a mil graus, até ficar incandescente, e só então é colocado no lugar do antigo. Além de muita técnica - já que a ponte é a última no mundo do seu tipo e a estrutura estava bastante comprometida pela oxidação - o trabalho exige muito carinho. Se tudo correr direitinho, daqui a quatro anos eu quero passar por lá de novo, mas de carro.