Meu estagiário veio me falar sobre os horários no semestre que vem, quando ele começa a se dedicar ao trabalho de conclusão de curso, o que me fez lembrar do meu projeto. Eu a a Carol Guidi passamos com nota 10 pelo nosso jornal do Mercado Público Municipal, que se chamava "O Peixe Fresco" e teve 16 edições mensais. Fazíamos de tudo: pauta, redação, edição, diagramação (na época levávamos uma caixa de disquetes pra gráfica), venda de anúncio e até distribuição. Era um veículo que se pagava, embora raramente desse lucro. O mais legal era o retorno, as cartas, os comentários. O mais chato era circular entre as peixarias e fazer a parte comercial. levamos alguns calotes. Foi um belo aprendizado.
Empolgada com o jornal, resolvi partir pra um projeto maior. Como o Mercado estava pra completar 100 anos, eu quis fazer um livro com 100 depoimentos de personalidades da cidade. Pra cada um, o Clóvis Geyer, talentoso desenhista e meu professor no curso, faria uma caricatura. O projeto gráfico foi feito pelo Marcelo Breda, o Pantera, que hoje está na Suíça. Modéstia à parte, era um projetinho bem legal. Com algumas entrevistas e charges prontas, fui atrás de patrocínio. Marquei uma audiência com o então governador Amin, que olhou praquela pirralha recém-formada e não botou a menor fé. Dias depois recebi uma cartinha dizendo que não dariam um tostão. Passados alguns meses, um famoso colunista, já falecido, e que havia sido convidado para participar do meu naufragado projeto, divulgou no jornal que estava produzindo um livro sobre os 100 anos do Mercado Público com 100 depoimentos de personalidades locais. Quando vi, quase tive um troço. Fiquei passada, revoltada, mas, calada. Um tempo depois ele faleceu. Moral da história é que o Mercado fez os 100 anos e não teve livro nenhum.
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